A inclusão do aluno surdo no sistema de ensino: o que dizem os tradutores e intérpretes de Libras-Língua Portuguesa?
DOI:
https://doi.org/10.18265/1517-0306a2021id5666Palavras-chave:
Aluno surdo, Educação de surdos, Inclusão, Tradutor e intérprete de librasResumo
A inclusão de alunos surdos no sistema regular de ensino é um desafio, sobretudo, no que diz respeito à comunicação. Nesse contexto, a garantia de tradutores e intérpretes no contexto escolar é um direito do aluno surdo. Assim, o objetivo deste trabalho foi investigar, na perspectiva dos Tradutores e Intérpretes de Libras-Língua Portuguesa (TILSP), o processo de inclusão do aluno surdo no sistema regular de ensino em uma escola do município de Guarabira, estado da Paraíba. Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa – do tipo levantamento de campo. O instrumento foi um questionário virtual que teve como público-alvo todos os profissionais TILSP que atuam na instituição participante. Os resultados apontam aspectos relacionados à sua experiência, na qual se destacam os conflitos existentes diante do atual cenário da educação dos surdos e do ambiente inclusivo. Esses profissionais deixam clara a insatisfação durante o trabalho de interpretação, já que, na maioria das vezes, são eles que percebem as dificuldades dos alunos e buscam supri-las. Tais empecilhos não são percebidos pelos professores, pois não planejam suas atuações em parceria com os TILSP. As atividades exigem estudo permanente por parte dos TILSP para que seja possível um bom desempenho do discente surdo. Nesse ínterim, seria relevante que os professores da sala regular participassem da formação que possibilita o conhecimento mínimo de Libras, levando-os a uma prática educativa bilíngue e inclusiva que proporcionaria sua interação social/linguística e evitaria restrições de comunicação apenas por meio dos TILSP. A inclusão dos alunos surdos no ensino regular precisa ser mais efetiva, uma vez que se notam indícios de que a prática educacional pode não estar contribuindo o suficiente para a efetivação do processo de ensino-aprendizagem e interação do aluno surdo no âmbito escolar.
Downloads
Referências
ALMEIDA, F. J. Política pública de inclusão de minorias e maiorias. In: LODI, A. C. B. et al. Letramento e minorias. 3. ed. Porto Alegre: Mediação, 2009. p. 81-86.
ALVES, E. O. Português como segunda língua para surdos: iniciando uma conversa. João Pessoa: Ideia, 2020.
BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais – Libras (...). Brasília, DF: Presidência da República, 2005. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2005/decreto/d5626.htm. Acesso em: out. 2020.
BRASIL. Decreto nº 10.502, de 30 de setembro de 2020. Institui a Política Nacional de Educação Especial: Equitativa, Inclusiva e com Aprendizado ao Longo da Vida. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 158, n. 189, p. 6-8, 1 out. 2020. Disponível em: https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/decreto-n-10.502-de-30-de-setembro-de-2020-280529948. Acesso em: nov. 2020.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Brasília, DF: Presidência da República, 1996. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: jul. 2020.
BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República, 2002. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10436.htm. Acesso em: nov. 2020.
BRASIL. Lei nº 12.319, de 1º de setembro de 2010. Regulamenta a profissão de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais - LIBRAS. Brasília, DF: Presidência da República, 2010. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12319.htm. Acesso em: set. 2020.
BRASIL. Lei nº 13.146, de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Brasília, DF: Presidência da República, 2015. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13146.htm. Acesso em: jul. 2020.
BRASIL. Ministério da Educação. O Tradutor e Intérprete de Língua Brasileira de Sinais e Língua Portuguesa. Secretaria de Educação Especial; Programa Nacional de Apoio à Educação de Surdos. Brasília, DF: MEC, SEESP, 2004. Disponível em: https://www.gov.br/mec/pt-br/media/publicacoes/semesp/tradutorlibras.pdf. Acesso em: out. 2020.
CAMPELLO, A. R. S. et al. Carta aberta dos doutores surdos ao ministro da educação. Elaborada pelos sete primeiros doutores surdos brasileiros, que atuam nas áreas de educação e linguística. 2012. Disponível em: http://www2.unirio.br/unirio/cchs/educacao/grupos-de-pesquisa/CARTAABERTADOSDOUTORESSURDOSAOMINISTROMERCADANTE.pdf. Acesso em: nov. 2020.
CAMPOS, M. L. I. L. Educação inclusiva para surdos e as políticas vigentes. In: LACERDA, C. B. F.; SANTOS, L. F. (org.). Tenho um filho surdo, e agora? Introdução à Libras e educação de surdos. São Carlos: Edufscar, 2013. p. 37-61.
CNS – CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Resolução nº 510, de 7 de abril de 2016. Dispõe sobre as normas aplicáveis a pesquisas em Ciências Humanas e Sociais cujos procedimentos metodológicos envolvam a utilização de dados diretamente obtidos com os participantes ou de informações identificáveis. Brasília, DF: Ministério da Saúde; Conselho Nacional de Saúde, 2016. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/2016/Reso510.pdf. Acesso em: set. 2020.
DAMÁZIO, M. F. M. Atendimento educacional especializado: pessoa com surdez. Brasília, DF: SEESP/MEC, 2007.
DURKHEIM, E. As regras do método sociológico. São Paulo: Nacional, 1974.
DURKHEIM, E. Educação e sociologia. São Paulo: Melhoramentos, 1973.
FERNANDES, E.; RIOS, K. R. Educação com bilinguismo para crianças surdas. Intercâmbio, Montes Claros, v. 7, p. 13-21, 1998. Disponível em: http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/artigos_edespecial/educacao_bilinguismo.pdf. Acesso em: 17 jul. 2020.
FERREIRA, A. C. A. X.; LUSTOSA, A. V. M. F. A política de inclusão escolar para o aluno surdo na perspectiva do tradutor e intérprete de Libras da rede estadual de ensino em Teresina-PI. Revista Brasileira de Política e Administração da Educação, Brasília, v. 36, n. 3, p. 1315-1335, 2020. DOI: https://doi.org/10.21573/vol36n32020.102366.
FREITAS, M. T. A. Vygotsky e Bakhtin, psicologia e educação: um intertexto. São Paulo: Ática, 1994.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
GOLDFELD, M. A criança surda: linguagem e cognição numa perspectiva sociointeracionista. 2. ed. São Paulo: Plexus, 2002.
LACERDA, C. B. F. O intérprete educacional de língua de sinais no ensino fundamental: refletindo sobre limites e possibilidades. In: LODI, A. C. et al. Letramento e minorias. Porto Alegre: Mediação, 2002. p. 120-128.
LACERDA, C. B. F. Um pouco da história das diferentes abordagens na educação de surdos. Cadernos CEDES, Campinas, v. 19, n. 46, p. 68-80, 1998. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-32621998000300007.
LACERDA, C. B. F.; POLETTI, J. E. A escola inclusiva para surdos: a situação singular do intérprete de língua de sinais. In: REUNIÃO ANUAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA EM EDUCAÇÃO, 27., 2004, Caxambu. Anais [...]. Caxambu: ANPED, 2004. Disponível em: http://27reuniao.anped.org.br/gt15/t151.pdf. Acesso em: nov. 2020.
LODI, A. C. B. A leitura como espaço discursivo de construção de sentidos: oficinas com surdos. 2004. 257 f. Tese (Doutorado em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem) – Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, São Paulo, 2004.
MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos da metodologia científica. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
ONU – ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Declaração de Salamanca: sobre princípios, políticas e práticas na área das necessidades educativas especiais. Salamanca: ONU, 1994. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/salamanca.pdf. Acesso em: set. 2020.
QUADROS, R. M. Educação de surdos: a aquisição da linguagem. Porto Alegre: Artmed, 1997.
RIZZO, J. G. S.; BENITES, K. Inclusão escolar do aluno surdo. Revista EaD & Tecnologias Digitais na Educação, Dourados, v. 9, n. 7, p. 73-84, 2019. Disponível em: https://ojs.ufgd.edu.br/index.php/ead/article/view/10810. Acesso em: nov. 2020.
SANTANA, A. P. Surdez e linguagem: aspectos e implicações neolinguísticas. 2. ed. São Paulo: Plexus, 2007.
SANTOS, M. R. O.; MIGUEL, J. R. A importância do tradutor e intérprete de Libras: desafios e inovações. Id on line: Revista Multidisciplinar e de Psicologia, Jaboatão dos Guararapes, v. 13, n. 46, p. 15-171, 2019. DOI: https://doi.org/10.14295/idonline.v13i46.1881.
SILVA, F. S. P.; MONTEIRO, L. O. A atuação do tradutor e intérprete de Libras e Português em cursos de formação profissional para surdos: vivências e reflexões. Revista Culturas & Fronteiras, Guajará-Mirim, v. 3, n. 1, p. 153-170, 2020. Disponível em: https://1library.org/document/zglxn5nq-atuacao-tradutor-interprete-portugues-formacao-profissional-vivencias-reflexoes.html. Acesso em: dez. 2021.
SKLIAR, C. A surdez: um olhar sobre as diferenças. 8. ed. Porto Alegre: Mediação, 2016.
SKLIAR, C. Seis perguntas sobre a questão da inclusão ou de como acabar de uma vez por todas com as velhas – e novas – fronteiras em educação. Pro-posições, Campinas, v. 12, n. 2-3 p. 11-21, 2001. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/proposic/article/view/8643992. Acesso em: out. 2020.
SOARES, M. A. L. A educação do surdo no Brasil. Campinas: Autores Associados, 1999.
SOUZA, A. B.; SOUSA, A. N.; PEREIRA, M. G. D. A mediação de uma intérprete educacional de Libras na inclusão de um aluno surdo do primeiro ano do ensino fundamental em aulas de inglês de uma escola municipal do Rio de Janeiro. Signótica, Goiânia, v. 32, p. 1-34, 2020. DOI: https://doi.org/10.5216/sig.v32.64123.
SOUZA, E. Inclusão social do surdo: um desafio à sociedade, aos profissionais e a educação. 2002. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Pedagogia) – Universidade Estadual do Pará, Belém, 2002.
SOUZA, J. F. V. et al. Educação para surdos: inclusão na escola e filosofias educacionais. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DE EDUCAÇÃO INCLUSIVA, 3., 2018, Campina Grande. Anais [...]. Campina Grande: Realize Eventos Científicos e Editora, 2018. p. 1-9.
VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente: o desenvolvimento dos processos psicológicos superiores. 6. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1998.
ZOMIGNANI, M. A. Da inclusão negativa à inclusão afirmativa. Revista Viver Psicologia, v. 12, n. 135, p. 28-29, 2004.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
• O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do artigo na revista;
• O(s) autor(es) garante(m) que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s), nem esteja publicado em anais de congressos e/ou portais institucionais;
• A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). Opiniões e perspectivas expressas no texto, assim como a precisão e a procedência das citações, são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), e contribuem para a promoção dos:
- Princípios FAIR (Findable, Accessible, Interoperable, and Reusable – localizável, acessível, interoperável e reutilizável);
- Princípios DEIA (diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade).
• É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigos às normas da publicação.
Responsabilidades dos autores e transferência de direitos autorais
Os autores devem declarar a originalidade do estudo, bem como o fato de que este não foi publicado anteriormente ou está sendo considerado para publicação em outro meio, como periódicos, anais de eventos ou livros. Ao autorizarem a publicação do artigo na Revista Principia, os autores devem também responsabilizar-se pelo conteúdo do manuscrito, cujos direitos autorais, em caso de aprovação, passarão a ser propriedade exclusiva da revista. A Declaração de Responsabilidades dos Autores e Transferência de Direitos Autorais deverá ser assinada por todos os autores e anexada ao sistema como documento suplementar durante o processo de submissão. Clique no link abaixo para fazer o download do modelo.
Esta revista, seguindo as recomendações do movimento de Acesso Aberto, proporciona seu conteúdo em Full Open Access. Assim os autores conservam todos seus direitos permitindo que a Revista Principia possa publicar seus artigos e disponibilizar pra toda a comunidade.
A Revista Principia adota a licença Creative Commons 4.0 do tipo atribuição (CC-BY). Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, inclusive para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Os autores estão autorizados a enviar a versão do artigo publicado nesta revista em repositório institucionais, com reconhecimento de autoria e publicação inicial na Revista Principia.