Participação das mulheres na ciência: um levantamento da produção científica internacional no Portal de Periódicos da CAPES
DOI:
https://doi.org/10.18265/2447-9187a2025id8938Palavras-chave:
desigualdade, gênero, mulheres na ciência, produção científicaResumo
Este estudo revisita a discussão sobre desigualdades de gênero no campo científico, visando responder à seguinte questão de pesquisa: Quais temas são abordados em publicações acadêmicas internacionais sobre a participação das mulheres na ciência? Para tanto, objetivou-se mapear e analisar os principais temas discutidos na literatura científica internacional sobre o envolvimento das mulheres na ciência, a partir de publicações disponíveis no Portal de Periódicos da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior). Foram utilizados os seguintes descritores combinados: “mulheres na ciência” AND “paridade de gênero”, “mulheres na ciência” AND “representação feminina” e “mulheres na ciência” AND “lacuna de gênero”. A busca foi refinada utilizando filtros para acesso aberto, tipo de recurso (artigo) e status de revisão por pares, sem restrições temporais. Dez artigos foram recuperados e submetidos à análise de conteúdo, considerando aspectos como títulos, autoria, países de afiliação, periódicos, anos de publicação e temas de pesquisa. Foram identificados 35 autores, sendo 26 mulheres e 9 homens, com predomínio de primeiras autoras e coautoras do sexo feminino. Os autores principais eram afiliados a instituições em quatro países, com notável concentração nos Estados Unidos. Os artigos foram publicados entre 2014 e 2024 em oito periódicos especializados em medicina e áreas afins, com pico de publicação em 2018. Os temas abordados incluíram o papel das mulheres na ciência, a distribuição desigual de pesquisadoras em diferentes áreas e trajetórias de carreira, e a sub-representação de mulheres em cargos científicos e de liderança de prestígio. A relevância deste estudo reside em sua contribuição para a consolidação de informações que possam subsidiar futuras pesquisas sobre o tema, permitindo a identificação de tendências emergentes e lacunas em andamento a serem exploradas em investigações futuras.
Downloads
Métricas
Referências
ARNETT, D. K. plugging the leaking pipeline: why men have a stake in the recruitment and retention of women in cardiovascular medicine and research. Circulation: Cardiovascular Quality and Outcomes, v. 8, n. 2, Supl. 1, 2015. DOI: https://doi.org/10.1161/CIRCOUTCOMES.115.001757.
BANDEIRA, L. A contribuição da crítica feminista à ciência feminista à ciência. Revista Estudos Feministas, Florianópolis, v. 16, n. 1, p. 207-228, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0104-026X2008000100020.
BARDIN, L. Análise de conteúdo. 1. ed. São Paulo: Edições 70, 2016.
BARROS, A. S. X.; ALVES, T. P. Uma ciência diversa. Se não agora, quando? Revista Tempos e Espaços em Educação, v. 16, n. 35, e18480, 2023. DOI: https://doi.org/10.20952/revtee.v16i35.18480.
BEELER, W. H.; SMITH-DOODY, K. A.; HA, R.; AIYAR, R. S.; SCHWARZBACH, E.; SOLOMON, S. L.; JAGSI, R. Institutional report cards for gender equality: lessons learned from benchmarking efforts for women in STEM. Cell Stem Cell, v. 25, n. 3, p. 306-310, 2019. DOI: https://doi.org/10.1016/j.stem.2019.08.010.
CONCEIÇÃO, J. M.; TEIXEIRA, M. R. F. A produção científica sobre as mulheres na ciência brasileira. Contexto & Educação, v. 35, n. 112, p. 280-299, 2020. https://doi.org/10.21527/2179-1309.2020.112.280-299.
BRASIL. MCTI (Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações). CNPq investe R$ 100 milhões em mais de 5 mil bolsas voltadas à atração e permanência de meninas nas ciências exatas, engenharias e computação, 13 nov. 2024. Disponível em: https://www.gov.br/cnpq/pt-br/assuntos/noticias/cnpq-em-acao/cnpq-investe-r-100-milhoes-em-mais-de-5-mil-bolsas-voltadas-a-atracao-e-permanencia-de-meninas-nas-ciencias-exatas. Acesso em: 19 jun. 2025.
CRESWELL, J. W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto. 3. Ed. Porto Alegre: Artmed, 2010.
EIGE – European Institute for Gender Equality. Glossary & thesaurus. Luxembourg: European Union, 2016. Disponível em: https://eige.europa.eu/thesaurus/overview. Acesso em: 19 jun. 2025.
EIGE – European Institute for Gender Equality. Gender Equality in Academia and Research - GEAR tool. 2025. Luxembourg: European Union, s.d. [a]. Disponível em: https://eige.europa.eu/gender-mainstreaming/toolkits/gear. Acesso em: 19 jun. 2025.
EUROPEAN UNION. Special eurobarometer 465: gender equality 2017. European Comission, Directorate-General for Communication. 2017. Disponível em: http://data.europa.eu/88u/dataset/S2154_87_4_465_ENG. Acesso em: 19 jun. 2025.
FOURNIER, L. E.; HOPPING, G. C.; ZHU, L.; PEREZ-PINZON, M. A.; OVBIAGELE, B.; MCCULLOUGH, L. D.; SHARRIEF; A. Z. Females are less likely invited speakers to the international stroke conference: time’s up to address sex disparity. Stroke, v. 51, n. 2, p. 674-678, 2020. DOI: https://doi.org/10.1161/STROKEAHA.119.027016.
GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2017.
GRIFFITH, E. E.; DASGUPTA, N. How the demographic composition of academic science and engineering departments influences workplace culture, faculty experience, and retention risk. Social Sciences, v. 7, n. 5, 71, 2018. DOI: https://doi.org/10.3390/socsci7050071.
HELBIG, C.; WILLIAMSON, C.; FUNDBERG, J.; OPENSHAW, P. J. M.; FOGDELL-HAHN, A. Men and women in immunology: closing the gap on gender parity? European Journal of Immunology, v. 48, n. 11, p. 1776-1779, 2018. DOI: https://doi.org/10.1002/eji.201870135.
HEIDARI, S.; BABOR, T. F.; CASTRO, P.; TORT, S.; CURNO, M. Equidade de sexo e gênero na pesquisa: fundamentação das diretrizes SAGER e uso recomendado. Epidemiologia e Serviços de Saúde, v. 26, n. 3, p. 665-676, 2017. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ress/a/qbkGJtSD7Cj4fzJSrVsg6Hf/abstract/?lang=pt. Acesso em: 10 jul. 2025.
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Estatísticas de gênero: indicadores sociais das mulheres no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2024. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/index.php/biblioteca-catalogo?view=detalhes&id=2102066. Acesso em: 10 jul. 2025.
IOANNIDOU, E.; D’SOUZA, R. N.; MACDOUGALL, M. Gender equity in dental academics: gains and unmet challenges. Journal of Dental Research, v. 93, n. 1, p. 5-7, 2014. DOI: https://doi.org/10.1177/0022034513510178.
JEFFERSON, L.; BLOOR, K.; MAYNARD, A. Women in medicine: historical perspectives and recent trends. British Medical Bulletin, v. 114, n. 1, p. 5-15, 2015. DOI: https://doi.org/10.1093/bmb/ldv007.
JOHNSTON, R.; PINYAKORN, S.; ANANWORANICH, J. Is there gender bias in HIV cure research? A case study of female representation at the 2015 HIV Persistence Workshop. Journal of Virus Eradication, v. 2, n. 2, p. 117-120, 2016. DOI: https://doi.org/10.1016/s2055-6640(20)30477-5.
KELLER, E. F. Reflections on gender and science. New Heaven, Yale University Press, 1985.
KNOBLOCH-WESTERWICK, S.; GLYNN, C. J.; HUGE, M. The Matilda Effect in science communication: An experiment on gender bias in publication quality perceptions and collaboration interest. Science Communication, v. 35, n. 5, p. 603-625, 2013. DOI: https://doi.org/10.1177/1075547012472684.
LETA, J. As mulheres na ciência brasileira: crescimento, contrastes e um perfil de sucesso. Estudos Avançados, v. 17, n. 49, p. 271-284, 2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S0103-40142003000300016.
LIMA, B. S. Teto de vidro ou labirinto de cristal? As margens femininas das ciências. 2008. Dissertação (Mestrado em História) – Universidade de Brasília, Brasília, 2008. Disponível em: https://www.realp.unb.br/jspui/handle/10482/3714. Acesso em: 19 jun. 2025.
LIMA, B. S.; BRAGA, M. L. S.; TAVARES, I. Participação das mulheres nas ciências e tecnologias: entre espaços ocupados e lacunas. Revista Gênero, v. 16, n. 1, p. 11-31, 2015. Disponível em: https://periodicos.uff.br/revistagenero/article/view/31222. Acesso em: 19 jun. 2025.
LUNNEMANN, P.; JENSEN, M. H.; JAUFFRED, L. Gender bias in Nobel prizes. Palgrave Communications, v. 5, 46, 2019. DOI: https://doi.org/10.1057/s41599-019-0256-3.
MAFFIA, D. Crítica feminista à ciência. In: COSTA, A. A. A.; SARDENBERG, C. M. B. (org.). Feminismo, Ciência e Tecnologia. Salvador: REDOR/NEIM-FFCH/UFBA, 2002, p. 25-38. Disponível em: https://bibliotecadigital.mdh.gov.br/jspui/handle/192/885. Acesso em: 19 jun. 2025.
MARTINS, A. P. V. Visões do feminino: a medicina da mulher nos séculos XIX e XX. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004.
NAIDEK, N.; SANTOS, Y. H.; SOARES, P.; HELLINGER, R.; HACK, T.; ORTH, E. S. Mulheres cientistas na Química Brasileira. Química Nova, v. 45, n. 6, p. 823-836, 2020. DOI: http://dx.doi.org/10.21577/0100-4042.20170556.
NUCCI, M. F. Crítica feminista à ciência: das “feministas biólogas” ao caso das “neurofeministas”. Revista Estudos Feministas, v. 26, n. 1, e41089, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/1806-9584.2018v26n141089.
OXFAM. Tempo de cuidar: o trabalho de cuidado não remunerado e mal pago e a crise global da desigualdade. Oxford: Oxfam, 2020. Disponível em: https://www.oxfam.org.br/wp-content/uploads/2021/04/1579272776200120_Tempo_de_Cuidar_PT-BR_sumario_executivo.pdf. Acesso em: 19 jun. 2025.
OLINTO, G. A inclusão das mulheres nas carreiras de ciência e tecnologia no Brasil. Inclusão Social, v. 5, n. 1, p. 68-77, 2011. Disponível em: https://revista.ibict.br/inclusao/article/view/1667. Acesso em: 19 jun. 2025.
PAZ, A.; PARDO‐DÍAZ, C. Female researchers are under-represented in the Colombian science infrastructure. PLOS ONE, v. 19, n. 3, e02989664, 2024. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0298964.
PINHEIRO, L.; MEDEIROS, M.; COSTA, J.; BARBOSA, A. H. Gênero é o que importa: determinantes do trabalho doméstico não remunerado no Brasil. Brasília: IPEA, 2023. Disponível em: https://repositorio.ipea.gov.br/handle/11058/12380. Acesso em: 19 jun. 2025.
RAJKÓ, A.; HERENDY, C.; GOYANES, M.; DEMETER, M. The Matilda Effect in communication research: the effects of gender and geography on usage and citations across 11 countries. Communication Research, v. 52, n. 2, p. 209-232, 2023. DOI: https://doi.org/10.1177/00936502221124389.
ROHDEN, F. Uma ciência da diferença: sexo e gênero na medicina da mulher. Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2001.
ROSSITER, M. W. Women scientists in America: forging a new world since 1972. Maryland: Johns Hopkins University Press, 2012.
ROSSITER, M. W. Women scientists in America: before affirmative action, 1940-1972. Maryland, Johns Hopkins University Press, 1998.
ROSSITER, M. W. The Matthew Matilda effect in science. Social Studies of Science, v. 23, n. 2, p. 325-341, 1993. https://doi.org/10.1177/030631293023002004.
ROSSITER, M. W. Women scientists in America: struggles and strategies to 1940. Maryland, Johns Hopkins University Press, 1982.
SARDENBERG, C. M. B. Da crítica feminista à ciência a uma ciência feminista? In: COSTA, A. A. A.; SARDENBERG, C. M. B. (org.). Feminismo, ciência e tecnologia. Salvador: REDOR/NEIM-FFCH/UFBA, 2002, p. 89-120. Disponível em: https://bibliotecadigital.mdh.gov.br/jspui/handle/192/885. Acesso em: 19 jun. 2025.
SCHIEBINGER, L.; KLINGE, I.; MADARIAGA, I. S.; PAIK, H. Y.; SCHARAUDNER, M.; STEFANICK, M. (ed.) Heart disease in diverse populations: analyzing sex and gender In: Gendered Innovations in Science, Health & Medicine, Engineering and Environment, 2021. Disponível em: http://genderedinnovations.stanford.edu/case-studies/heart.html#tabs-2. Acesso em: 19 jun. 2025.
SCHIEBINGER, L. Expandindo o kit de ferramentas agnotológicas: métodos de análise de sexo e gênero. Revista Feminismo, v. 2, n. 3, p. 85-102, 2014. Disponível em: https://periodicos.ufba.br/index.php/feminismos/article/view/30035. Acesso em: 19 jun. 2025.
SCHIEBINGER, L. O feminismo mudou a ciência? Bauru: EDUSC, 2001.
SOARES, R; NAEGELE, R. Segregação vertical na área da química durante a pandemia de Covid-19 no Brasil. Cadernos de Pesquisa, v. 51, e07754, 2021. DOI: https://doi.org/10.1590/198053147754.
SOUZA, L. M.; ÁVILA, M. A. Mulheres na ciência e tecnologia: revisão de literatura. Revista Científica On-line Tecnologia, Gestão e Humanismo, v. 10, n. 1, p. 127-142, 2020. Disponível em: http://www.fatecguaratingueta.edu.br/revista/index.php/RCO-TGH/article/view/294. Acesso em: 20 set. 2024.
TABERNERO, J. All change: closing the gender gap in oncology. ESMO Open, v. 3, e000448, 2018. DOI: http://doi.org/10.1136/esmoopen-2018-000448.
TOSI, L. Mulher e ciência: a revolução científica, a caça às bruxas e a ciência moderna. Cadernos Pagu, n. 10, p. 369-397, 1998. Disponível em: https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/4786705. Acesso em: 19 jun. 2025.
UNESCO. Changing the equation: securing STEM futures for women. Paris: UNESCO, 2024. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000391384. Acesso em: 19 jun. 2025.
UNESCO. Decifrar o código: educação de meninas e mulheres em ciências, tecnologia, engenharia e matemática (STEM). Brasília: UNESCO, 2018. Disponível em: https://unesdoc.unesco.org/ark:/48223/pf0000264691. Acesso em: 19 jun. 2025.
WOITOWICH, N. C.; JAIN, S.; ARORA, V. M.; JOFFE, H. COVID-19 threatens progress toward gender equity within academic medicine. Academic Medicine, v. 96, n. 6, p. 813-816, 2021. DOI: https://doi.org/10.1097/ACM.0000000000003782.
WORLD ECONOMIC FORUM. Global gender gap report 2025. Geneva: WEF, 2025. Disponível em: https://www.weforum.org/publications/global-gender-gap-report-2025/in-full. Acesso em: 04 jul. 2025.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Aparecida da Silva Xavier Barros, Thelma Panerai Alves

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Esta revista, seguindo as recomendações do movimento de Acesso Aberto, proporciona seu conteúdo em Full Open Access. Assim os autores conservam todos seus direitos permitindo que a Revista Principia possa publicar seus artigos e disponibilizar pra toda a comunidade.
A Revista Principia adota a licença Creative Commons 4.0 do tipo atribuição (CC-BY). Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, inclusive para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Os autores estão autorizados a enviar a versão do artigo publicado nesta revista em repositório institucionais, com reconhecimento de autoria e publicação inicial na Revista Principia.
Demais informações sobre a Política de Direitos Autorais da Revista Principia encontram-se neste link.