Ansiedade traço-estado, risco de depressão e ideação suicida em gestantes de alto risco
DOI:
https://doi.org/10.18265/1517-0306a2021v1n54p206-216Palavras-chave:
Transtorno mental, Gravidez de alto risco, Ansiedade, Depressão, Ideação suicidaResumo
A gestação é um período na vida da mulher que requer atenção especial devido às diversas modificações físicas, hormonais, psíquicas e de inserção social. Nesse contexto, surge a necessidade de responder à seguinte questão norteadora: as gestantes de alto risco apresentam níveis elevados de ansiedade traço-estado, risco de depressão e ideação suicida? Este estudo tem como objetivo avaliar os níveis de ansiedade traço e estado, risco de depressão e ideação suicida em gestantes de alto risco atendidas pelo serviço de saúde de Alagoas, Brasil. É um estudo transversal, descritivo, com abordagem quantitativa. A pesquisa foi realizada com amostra de 247 gestantes de alto risco, nos quatro e únicos ambulatórios de referência para gestação de alto risco no estado de Alagoas. Foram utilizados quatro instrumentos de coleta de dados: formulário de identificação, Inventário de Ansiedade Traço-Estado, Escala de Depressão e Escala de Ideação Suicida. A análise dos dados foi descritiva, utilizando a frequência relativa e a análise bivariada através dos testes qui-quadrado, Kolmogorov-Smirnov, Mann-Whitney e Correlação de Pearson. Em relação ao nível de ansiedade, obteve-se ansiedade-estado classificada como alta (9,7%), moderada (53,4%) e baixa (36,8%) e ansiedade-traço classificada como alta (7,7%), moderada (59,5%) e baixa (32,8%). Foram identificadas 62,8% de gestantes com risco de depressão e 2,4% com ideação suicida. Quanto maior o nível de depressão, maior o risco de ter ansiedade traço-estado moderada e alta (p < 0,00). Os principais fatores de risco encontrados neste estudo são baixa escolaridade (p < 0,00), baixa renda familiar (p < 0,00) e gravidez não planejada (p < 0,00). Não houve relação entre depressão e tentativa de suicídio em gestantes de alto risco. O estudo evidencia que gestantes de alto risco apresentam ansiedade traço e estado moderada/alta e risco de depressão.
There was no relationship between depression and suicide attempt in high-risk pregnant women. The study shows that
high-risk pregnant women have moderate/high trait/state anxiety and risk for depression
Downloads
Referências
ALVES, J. S.; SIQUEIRA, H. C. H.; PEREIRA, Q. L. C. Inventário de ansiedade Traço-Estado de gestantes. Journal of Nursing and Health, v. 8, n. 3, p. 1-11, 2018. DOI: https://doi.org/10.15210/jonah.v8i3.13621.
APA – AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION. Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - DSM-5. 5th. ed. Washington, DC: American Psychiatric Association; Artimed, 2014.
ARRAIS, A. R.; ARAUJO, T. C. C. F.; SCHIAVO, R. A. Fatores de Risco e Proteção Associados à Depressão Pós-Parto no Pré-Natal Psicológico. Psicologia: Ciência e Profissão, v. 38, n. 4, p. 711-729, 2018. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-3703003342016.
ARRAIS, A. R.; ARAUJO, T. C. C. F.; SCHIAVO, R. A. Depressão e ansiedade gestacionais relacionadas à depressão pós-parto e o papel preventivo do pré-natal psicológico. Revista Psicologia e Saúde, v. 11, n. 2, p. 23-34, 2019. DOI: http://dx.doi.org/10.20435/pssa.v0i0.706.
ASSUMPÇÃO, G. L. S.; OLIVEIRA, L. A.; SOUZA, M. F. S. Depressão e suicídio: uma correlação. Pretextos – Revista da Graduação em Psicologia da PUC Minas, v. 3, n. 5, p. 312-333, 2018. Disponível em: http://periodicos.pucminas.br/index.php/pretextos/article/view/15973/13041. Acesso em: 20 jan. 2019.
BIAGGIO, A. M. B.; NATALÍCIO, L.; SPIELBERGER, C. D. Desenvolvimento da forma experimental em português do Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE), de Spielberger. Arquivos Brasileiros de Psicologia Aplicada, Rio de Janeiro, v. 29, n. 3, p. 31-44, 1977. Disponível em: http://bibliotecadigital.fgv.br/ojs/index.php/abpa/article/view/17827/16571. Acesso em: 20 jan. 2018.
BORGES, D. A. et al. A depressão na gestação: uma revisão bibliográfica. Revista de Iniciação Científica da Libertas, v. 1, n. 1, p. 85-99, 2011. Disponível em: http://www.libertas.edu.br/revistas/index.php/riclibertas/article/view/15/7. Acesso em: 20 dez. 2018.
BOTEGA, N. J. Crise suicida: avaliação e manejo. 1. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Gestação de alto risco: manual técnico. 5. ed. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2010. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/gestacao_alto_risco.pdf. Acesso em: 20 dez. 2018.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Atenção ao pré-natal de baixo risco. 1. ed. rev. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/atencao_pre_natal_baixo_risco.pdf. Acesso em: 20 dez. 2018.
BROWN, G K. et al. Risk factors for suicide in psychiatric outpatients: A 20-year prospective study. Journal of Consulting and Clinical Psychology, v. 68, n. 3, p. 371-377, 2000. DOI: https://doi.org/10.1037/0022-006X.68.3.371.
CARVALHO, M. B. Psiquiatria para a Enfermagem. São Paulo: Rideel, 2012.
COSTA, L. D. et al. Perfil epidemiológico de gestantes de alto risco. Cogitare Enfermagem, v. 21, n. 2, p. 1-8, 2016. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/cogitare/article/view/44192/28238. Acesso em: 20 dez. 2018.
CUNHA, J. A. Manual da versão em português das Escalas Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.
DUDAS, R. B. et al. Obstetric and psychosocial risk factors for depressive symptoms during pregnancy. Psychiatry Research, v. 200, n. 2-3, p. 323-328, 2012. DOI: https://doi.org/10.1016/j.psychres.2012.04.017.
FERNANDES, R. C. L.; ROZENTHAL, M. Avaliação da sintomatologia depressiva de mulheres no climatério com a escala de rastreamento populacional para depressão CES-D. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, v. 30, n. 3, p. 192-200, 2008. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-81082008000400008.
FISKIN, G.; KAYDIRAK, M. M.; OSKAY, U. Y. Psychosocial Adaptation and Depressive Manifestations in High-Risk Pregnant Women: Implications for Clinical Practice. Worldviews on Evidence-Based Nursing, v. 14, n. 1, p. 55-64, 2017. DOI: https://doi.org/10.1111/wvn.12186.
GOUVEIA, V. V. et al. The use of the GHQ-12 in a general population: a study of its construct validity. Psicologia: Teoria e Pesquisa, v. 19, n. 3, p. 241-248, 2003. DOI: https://doi.org/10.1590/S0102-37722003000300006.
JANTSCH, P. F. et al. Principais características das gestantes de alto risco da região central do Rio Grande do Sul. Destaques Acadêmicos, v. 9, n. 3, p. 272-282, 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.22410/issn.2176-3070.v9i3a2017.1534.
KLIEMANN, A.; BÖING, E.; CREPALDI, M. A. Fatores de risco para ansiedade e depressão na gestação: Revisão sistemática de artigos empíricos. Mudanças – Psicologia da Saúde, v. 25, n. 2, p. 69-76, 2017. DOI: https://doi.org/10.15603/2176-1019/mud.v25n2p69-76.
LIMA, M. O. P. et al. Sintomas depressivos na gestação e fatores associados: estudo longitudinal. Acta Paulista de Enfermagem, v. 30, n. 1, p. 39-46, 2017. DOI: https://doi.org/10.1590/1982-0194201700007.
MARTINELLI, K. G. et al. Adequação do processo da assistência pré-natal segundo os critérios do Programa de Humanização do Pré-natal e Nascimento e Rede Cegonha. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 36, n. 2, p. 56-64, 2014. DOI: https://doi.org/10.1590/S0100-72032014000200003.
OLIVEIRA, D. C.; MANDU, E. N. T. Mulheres com gravidez de maior risco: vivências e percepções de necessidades e cuidado. Escola Anna Nery, v. 19, n. 1, p. 93-101, 2015. Disponível em: https://www.scielo.br/pdf/ean/v19n1/1414-8145-ean-19-01-0093.pdf. Acesso em: 15 dez. 2019.
OLIVEIRA, V. J.; MADEIRA, A. M. F.; PENNA, C. M. M. Vivenciando a gravidez de alto risco entre a luz e a escuridão. Revista Rene, v. 12, n. 1, p. 49-56, 2011. Disponível em: http://periodicos.ufc.br/rene/article/view/4119. Acesso em: 15 dez. 2019.
THIAGAYSON, P. et al. Depression and anxiety in Singaporean high-risk pregnancies - prevalence and screening. General Hospital Psychiatry, v. 35, n. 2, p. 112–116, 2013. DOI: https://doi.org/10.1016/j.genhosppsych.2012.11.006.
REZENDE, C. L.; SOUZA, J. C. Qualidade de vida das gestantes de alto risco de um centro de atendimento à mulher. Psicólogo inFormação, v. 16, n. 16, p. 45-69, 2012. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1415-88092012000200003. Acesso em: 15 dez. 2019.
RODRIGUES, A. R. M. et al. Cuidado de enfermagem na gestação de alto risco: revisão integrativa. Online Brazilian Journal of Nursing, v. 15, n. 3, p. 472-483, 2016. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-968083. Acesso em: 15 dez. 2019.
RODRIGUES, A. R. M. et al. Gravidez de alto risco: análise dos determinantes de saúde. Sanare, v. 16, n. 1, p. 23-28, 2017. Disponível em: https://sanare.emnuvens.com.br/sanare/article/view/1135/620. Acesso em: 15 dez. 2019.
SANTOS, D. T. A.; CAMPOS, C. S. M.; DUARTE, M. L. Perfil das patologias prevalentes na gestação de alto risco em uma maternidade escola de Maceió, Alagoas, Brasil. Revista Brasileira de Medicina de Família e Comunidade, v. 9, n. 30, p. 13-22, 2014. DOI: https://doi.org/10.5712/rbmfc9(30)687.
SANTOS, M. D. L.; GALDEANO, L. E. Traço e estado de ansiedade de estudantes de enfermagem na realização de uma prova prática. Revista Mineira de Enfermagem, v. 13, n. 1, p. 76-83, 2009. Disponível em: http://www.reme.org.br/artigo/detalhes/165. Acesso em: 15 dez. 2019.
SAVIANI-ZEOTI, F.; PETEAN, E. B. L. Apego materno-fetal, ansiedade e depressão em gestantes com gravidez normal e de risco: estudo comparativo. Estudos de Psicologia, v. 32, n. 4, p. 675-683, 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/0103-166X2015000400010.
SILVA, D. S. D. et al. Depressão e risco de suicídio entre profissionais de enfermagem: revisão integrativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP. v. 49, n. 6, p. 1027-1036, 2015. DOI: https://doi.org/10.1590/S0080-623420150000600020.
SILVA, M. M. J.; NOGUEIRA, D. A.; CLAPIS, M. J.; LEITE, E. P. R. S. Ansiedade na gravidez: prevalência e fatores associados. Revista da Escola de Enfermagem da USP, v. 51, e03253, 2017. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1980-220X2016048003253.
SILVA, V. M. C. et al. Fatores associados ao óbito fetal na gestação de alto risco: Assistência de enfermagem no pré-natal. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 37, n. 37, p. 1-12, 2019. DOI: https://doi.org/10.25248/reas.e1884.2019.
SOUZA, M. G. et al. Concern of primiparous women with regard to labor and birth. Journal of Research: Fundamental Care Online, v. 7, n. 1, p. 1987-2000, 2015. Disponível em: http://www.seer.unirio.br/index.php/cuidadofundamental/article/view/3504. Acesso em: 20 dez. 2018.
TRAJANO, F. M. P. et al. Níveis de ansiedade e impactos na voz: uma revisão da literatura. Distúrbios da Comumicação, São Paulo. v. 28, n. 3, p. 423-433, 2016. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/dic/article/view/26617. Acesso em: 20 jun. 2019.
VIDEBECK, S. L. Enfermagem em saúde mental e psiquiatria. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2012.
WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION. The world health report 2017 - Mental health: new understanding, new hope. Geneva: WHO, 2017.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
• O(s) autor(es) autoriza(m) a publicação do artigo na revista;
• O(s) autor(es) garante(m) que a contribuição é original e inédita e que não está em processo de avaliação em outra(s) revista(s), nem esteja publicado em anais de congressos e/ou portais institucionais;
• A revista não se responsabiliza pelas opiniões, ideias e conceitos emitidos nos textos, por serem de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). Opiniões e perspectivas expressas no texto, assim como a precisão e a procedência das citações, são de responsabilidade exclusiva do(s) autor(es), e contribuem para a promoção dos:
- Princípios FAIR (Findable, Accessible, Interoperable, and Reusable – localizável, acessível, interoperável e reutilizável);
- Princípios DEIA (diversidade, equidade, inclusão e acessibilidade).
• É reservado aos editores o direito de proceder ajustes textuais e de adequação do artigos às normas da publicação.
Responsabilidades dos autores e transferência de direitos autorais
Os autores devem declarar a originalidade do estudo, bem como o fato de que este não foi publicado anteriormente ou está sendo considerado para publicação em outro meio, como periódicos, anais de eventos ou livros. Ao autorizarem a publicação do artigo na Revista Principia, os autores devem também responsabilizar-se pelo conteúdo do manuscrito, cujos direitos autorais, em caso de aprovação, passarão a ser propriedade exclusiva da revista. A Declaração de Responsabilidades dos Autores e Transferência de Direitos Autorais deverá ser assinada por todos os autores e anexada ao sistema como documento suplementar durante o processo de submissão. Clique no link abaixo para fazer o download do modelo.
Esta revista, seguindo as recomendações do movimento de Acesso Aberto, proporciona seu conteúdo em Full Open Access. Assim os autores conservam todos seus direitos permitindo que a Revista Principia possa publicar seus artigos e disponibilizar pra toda a comunidade.
A Revista Principia adota a licença Creative Commons 4.0 do tipo atribuição (CC-BY). Esta licença permite que outros distribuam, remixem, adaptem e criem a partir do seu trabalho, inclusive para fins comerciais, desde que lhe atribuam o devido crédito pela criação original.
Os autores estão autorizados a enviar a versão do artigo publicado nesta revista em repositório institucionais, com reconhecimento de autoria e publicação inicial na Revista Principia.