Políticas públicas educacionais e acessibilidade linguística: avanços e limites na educação do surdo
DOI:
https://doi.org/10.18265/1517-0306a2021id5908Palavras-chave:
Acessibilidade linguística, Educação, Surdo, Políticas públicasResumo
Este trabalho apresenta uma reflexão sobre as políticas públicas de inclusão da pessoa com surdez nas escolas públicas regulares de Ensino Fundamental, considerando os limites e os avanços das políticas educacionais inclusivas para a acessibilidade linguística. Buscamos, mais especificamente, discutir sobre as políticas públicas da educação do surdo no Brasil e compreender a relação entre políticas públicas e acessibilidade linguística, considerando os avanços e limites das políticas de educação do surdo para a acessibilidade linguística. Nosso aporte teórico está embasado em autores como Quadros e Karnopp (2004), Gesser (2009), Skliar (2017), dentre outros que tratam da Libras como língua natural do surdo. A pesquisa se constitui em estudo bibliográfico, pois está pautada em estudos científicos já realizados e apresenta um diálogo aprofundado com as teorias. Resultados apontam que há evidências de avanços na acessibilidade linguística, proporcionada por propostas que compõem as políticas públicas da educação do surdo, desde a aprovação das leis até a presença do intérprete em sala de aula. Apontam ainda que há alguns limites em relação à acessibilidade linguística, a exemplo da ausência de intérprete, na maioria das salas de aula da educação infantil, para atender toda a demanda, e a ausência de um currículo que considere a cultura surda, a identidade surda e compreenda o artefato linguístico como primordial para o desenvolvimento do sujeito.
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