Resistência não drenada de argilas muito moles na região da Baixada de Jacarepaguá – RJ

Jailson Silva Alves

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Brasil

Rosane Kelen Rodrigues Delfino

Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Brasil

Resumo

O presente trabalho consiste em uma revisão de literatura sobre a resistência não drenada do depósito de solos moles da Baixada de Jacarepaguá, na zona oeste do município do Rio de Janeiro. É feita uma caracterização da área, expondo condições geológico-geotécnicas do depósito e o contexto social e de uso do solo, ilustrando sua importância para a região. A partir dos resultados de Teixeira (2012) e Baroni (2016), são discutidos histórico de tensão e a normalização da resistência não drenada, evidenciando um paralelo entre a obtenção de resultados de campo e estimativas pelas correlações propostas por métodos como SHANSEP. Os resultados apresentados pelos autores e discutidos no presente estudo demonstram, por meio de amplos ensaios e coletas, que o referido solo é considerado “muito mole”, com baixa resistência não drenada da ordem de 30 kPa. A discussão apresentada também avalia a relação entre os ensaios de vane test (palheta) com o CPTu, ilustrando certa convergência entre os seus valores, além de poder avaliar as condições de poropressão.

Palavras-chave


CPTu; palheta; resistência não drenada


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DOI: http://dx.doi.org/10.18265/1517-0306a2021id5066

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