Sintomas foliares visíveis induzidos por ozônio em vegetação urbana do município de Guarulhos, SP
DOI:
https://doi.org/10.18265/1517-0306a2021id4198Palavras-chave:
Poluição atmosférica, Biomonitoramento, Qualidade do arResumo
O ozônio (O3) é um poluente que tem alto potencial oxidante e pode induzir sintomas foliares visíveis em espécies vegetais. Esses sintomas são de fácil identificação e quantificação e são utilizados em programas de monitoramento de risco à vegetação induzido pelo O3. O objetivo deste estudo foi avaliar a suscetibilidade da vegetação ao O3 presente nos Campi Centro e Dutra da UNG, no Bosque Maia e na vegetação presente no Paço Municipal de Guarulhos, por meio do levantamento de sintomas foliares visíveis em diferentes espécies. Esses locais foram visitados e percorridos em sua totalidade no início da primavera de 2018 e no início do outono de 2019. As plantas ali presentes foram avaliadas quanto à presença de sintomas foliares visíveis. Os sintomas encontrados foram identificados seguindo os procedimentos encontrados no Manual do ICP-Forest. As plantas que apresentaram sintomas foram identificadas em nível de espécie, fotografadas e amostras de suas folhas foram examinadas por meio de microscopia óptica, a fim de excluir a possibilidade de o sintoma ser uma imitação daqueles sintomas causados por outros fatores bióticos ou abióticos. Os resultados obtidos nos dois períodos mostraram que as concentrações de ozônio medidas no município de Guarulhos no período estudado foram suficientes para causar injúrias foliares visíveis nas plantas de goiabeira e amoreira (as medidas da concentração de O3 variaram entre 10 mg.m-3 e 69 mg.m-3 nos locais de estudo). O número de indivíduos de goiabeira que apresentaram sintomas foliares visíveis no fim do verão/início do outono, aumentou em relação ao início da primavera no Bosque Maia e Paço Municipal, possivelmente por ficarem mais tempo expostos ao poluente. Somente no fim do verão/início do outono foram observados indivíduos de amoreira com sintomas foliares visíveis. Esse foi o primeiro registro de sintomas foliares visíveis causados por ozônio em amoreira feito no Brasil.
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