Avaliação da qualidade de leite cru refrigerado de produtores assistidos pela EMATER/RS no município de São Luiz Gonzaga (RS)

Thais de Matos Marques

ORCID iD Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) Brasil

Patrícia Rohr Pires

Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) Brasil

Fernanda Leal Leães

ORCID iD Universidade Estadual do Rio Grande do Sul (UERGS) Brasil

Resumo

Por ser uma relevante fonte de nutrientes, o leite de vaca é amplamente consumido em todo o mundo, e sua produção é uma importante fonte de renda para os pequenos produtores rurais. Considerando a necessidade de pesquisas sobre a qualidade do leite no município de São Luiz Gonzaga (RS), o objetivo deste trabalho foi avaliar os padrões físico-químicos e microbiológicos do leite de produtores assistidos pela EMATER/RS no município de São Luiz Gonzaga (RS) e caracterizar o perfil desses produtores quanto às Boas Práticas de Ordenha. A caracterização do perfil de produtores foi obtida mediante a aplicação de questionário. As análises de qualidade foram realizadas com amostras de leite de dez produtores. Nos resultados do questionário, observou-se que 70% dos produtores não fazem o pré-dipping, 60% não realizam o pós-dipping, 40% não realizam o teste CMT para verificar mastite em animais e 60% declararam que o local da ordenha é o estábulo. Nas análises físico-químicas, as médias de pH variaram entre 6,51 e 6,81 e a acidez titulável, entre 15 ºD e 21 ºD. Todos os resultados de densidade ficaram dentro do valor exigido pela legislação (1,028 a 1,034). As médias da determinação de gordura ficaram entre 2,5% e 5,9%, sendo que, para EST, foram encontrados resultados variando entre 10,72% e 15,27% e, para ESD, de 7,92% a 9,37%. Na contagem padrão em placas, os resultados variaram entre 1,78 x 104 UFC/mL e 4,8 x 106 UFC/mL. Com relação à presença de coliformes totais, houve variância entre 28 NMP/mL e >1100 NMP/mL, e os resultados dos coliformes termotolerantes ficaram entre <3,0 NMP/mL e >1100 NMP/mL. Os resultados demonstram a necessidade de ações corretivas na obtenção do leite cru, buscando a adequação às normas legais e às Boas Práticas de Ordenha para a preservação da qualidade do produto.

Palavras-chave


Higiene; Microrganismos; Ordenha; Pequenos produtores; Segurança dos alimentos


Texto completo:

Referências


ALMEIDA, T. J. O. et al. Perfil sociocultural de produtores de leite bovino do município de São Bento do Una (PE) e suas implicações sobre o manejo da ordenha. Revista Brasileira de Higiene e Sanidade Animal, v. 9, n. 1, p. 122-135, 2015. DOI: http://dx.doi.org/10.5935/1981-2965.20150013.

APHA – AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION. Compendium of methods for the microbiological examination of foods. 4. ed. Washington: APHA, 2001. 676 p.

BELOTI, V. Qualidade do leite cru produzido no Brasil. In: NERO, L. A.; CRUZ, A. G.; BERSOT, L. S. Produção, processamento e fiscalização de Leite e Derivados. São Paulo: Atheneu, 2017. cap. 7, p. 117-132.

BRASIL. Decreto nº 9.013, de 29 de março de 2017. Regulamenta a Lei nº 1.283, de 18 de dezembro de 1950, e a Lei nº 7.889, de 23 de novembro de 1989, que dispõem sobre a inspeção industrial e sanitária de produtos de origem animal. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 154, n. 62, p. 3-27, 30 mar. 2017. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/decreto-n-9-013-de-29-de-marco-de-2017-20134698. Acesso em: 4 abr. 2019.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa n° 62, de 26 de agosto de 2003. Oficializa os Métodos Analíticos Oficiais para Análises Microbiológicas para Controle de Produtos de Origem Animal e Água. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 140, n. 181, p. 14-51, 18 set. 2003. Disponível em: http://www.lex.com.br/doc_598283_instrucao_normativa_n_62_de_26_de_agosto_de_2003.aspx. Acesso em: 4 abr. 2019.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Secretaria de Defesa Agropecuária. Instrução Normativa n° 68, de 12 de dezembro de 2006. Oficializa os Métodos Analíticos Oficiais Físico-Químicos, para Controle de Leite e Produtos Lácteos. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 143, p. 8-30, 14 dez. 2006. Disponível em: https://wp.ufpel.edu.br/inspleite/files/2016/03/Instru%C3%A7%C3%A3o-normativa-n%C2%B0-68-de-12-dezembro-de-2006.pdf. Acesso em: 4 abr. 2019.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n° 76, de 26 de novembro de 2018. Ficam aprovados os Regulamentos Técnicos que fixam a identidade e as características de qualidade que devem apresentar o leite cru refrigerado, o leite pasteurizado e o leite pasteurizado tipo A. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 155, n. 230, p. 9-10, 30 nov. 2018. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/instrucao-normativa-n-76-de-26-de-novembro-de-2018-52749894. Acesso em: 4 abr. 2019.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa n° 77, de 26 de novembro de 2018. Ficam estabelecidos os critérios e procedimentos para a produção, acondicionamento, conservação, transporte, seleção e recepção do leite cru em estabelecimentos registrados no serviço de inspeção oficial. Diário Oficial da União: seção 1, Brasília, DF, ano 155, n. 230, p. 10-13, 30 nov. 2018. Disponível em: https://www.in.gov.br/web/dou/-/instrucao-normativa-n-77-de-26-de-novembro-de-2018-52749887. Acesso em: 4 abr. 2019.

BRITO, M. A. V. P.; BRITO, J. R. F. Qualidade do leite. In: MADALENA, F. E.; MATOS, L. L.; JÚNIOR, E. V. H. (ed.). Produção de leite e sociedade: uma análise crítica da cadeia do leite no Brasil. Belo Horizonte: FEPMVZ, 2001. cap. 3, p. 61-74.

CARVALHO, M. P. Manipulando a composição do leite: gordura. In: CURSO ONLINE SOBRE A QUALIDADE DO LEITE, 1., 2000. Piracicaba: MilkPoint, 2000. Cap. 5-6. Disponível em: https://www.milkpoint.com.br/. Acesso em: 4 abr. 2019.

CORTEZ, M. A. S. Composição do leite. In: NERO, L. A.; CRUZ, A. G.; BERSOT, L. S. Produção, processamento e fiscalização de Leite e Derivados. São Paulo: Atheneu, 2017. cap. 3, p. 33-73.

EMATER/RS – ASSOCIAÇÃO RIOGRANDENSE DE EMPREENDIMENTOS DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL. Relatório socioeconômico da cadeia produtiva do leite no Rio Grande do Sul: 2017. Porto Alegre: EMATER/RS; ASCAR, 2017. 64 p. Disponível em: http://biblioteca.emater.tche.br:8080/pergamumweb/vinculos/000006/00000679.pdf. Acesso em: 4 abr. 2019.

EVANGELISTA, J. Tecnologia de Alimentos. 3. ed. São Paulo: Atheneu, 2008.

FERREIRA, D. F. Sisvar: a computer statistical analysis system. Ciência e Agrotecnologia, v. 35, n. 6, p. 1039-1042, 2011. DOI: https://doi.org/10.1590/S1413-70542011000600001.

GERMANO, P. M. L.; GERMANO, M. I. S. Higiene e vigilância sanitária de alimentos. 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2011. 1088 p.

HANSEN, P. J.; SOTO, P.; NATZKE, R. P. Mastitis and fertility in cattle – possible involvement of inflammation or immune activation in embryonic mortality. American Journal of Reproductive Immunology, v. 51, p. 294-301, 2004. DOI: https://doi.org/10.1111/j.1600-0897.2004.00160.x.

IAL – INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Métodos físico-químicos para análise de alimentos. 4. ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. p. 821-850. Disponível em: http://www.ial.sp.gov.br/resources/editorinplace/ial/2016_3_19/analisedealimentosial_2008.pdf. Acesso em: 29 set. 2018.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa da Pecuária Municipal – PPM. 2018a. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/estatisticas-novoportal/economicas/agricultura-epecuaria/9107-producao-da-pecuaria-municipal.html. Acesso em: 4 abr. 2019.

IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. São Luiz Gonzaga – Censo Agropecuário. 2018b. Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rs/sao-luiz-gonzaga/pesquisa/24/76693. Acesso em: 29 set. 2018.

MATTOS, M. R. et al. Qualidade do leite cru produzido na região do agreste de Pernambuco, Brasil. Semina: Ciências Agrárias, v. 31, n. 1, p. 173-182, 2010. DOI: https://doi.org/10.5433/1679-0359.2010v31n1p173.

MELO, A. D.; BARROS, L. S. S. Perfil sócio-econômico dos produtores de leite, vinculados aos laticínios registrados no serviço de inspeção estadual (SIE) da Coordenadoria Regional/ADAB de Vitória da Conquista – BA. ACSA – Agropecuária Científica no Semiárido, v. 10, n. 4, p. 20-30, 2014. Disponível em: http://revistas.ufcg.edu.br/acsa/index.php/ACSA/article/view/496/pdf-59. Acesso em: 29 set. 2018.

MELO, I. L. C.; TEIXEIRA, R. M. A. Perfil das propriedades leiteiras pertencentes ao programa Curral Bonito do município de Rio Pomba, MG. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 72, n. 1, p. 19-30, 2017. DOI: https://doi.org/10.14295/2238-6416.v72i1.551.

MENDONÇA, M. et al. Qualidade Físico-Química de Amostras de Leite Cru Comercializadas Informalmente no Norte do Paraná. UNOPAR Científíca. Ciências Biológicas e da Saúde, v. 11, n. 4, p. 47-50, 2009. Disponível em: https://revista.pgsskroton.com/index.php/JHealthSci/article/view/1434. Acesso em: 29 set. 2018.

NERO, L. A.; CRUZ, A. G. Microbiologia do leite. In: NERO, L. A.; CRUZ, A. G.; BERSOT, L. S. Produção, processamento e fiscalização de Leite e Derivados. São Paulo: Atheneu, 2017. cap. 4, p. 75-82.

NERO, L. A.; VIÇOSA, G. N.; PEREIRA, F. E. V. Qualidade microbiológica do leite determinada por características de produção. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v. 29, n. 2, p. 386-390, 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-20612009000200024.

OLIVEIRA, H. M. Perfil social do produtor e caracterização técnica da atividade leiteira do Curimataú Ocidental da Paraíba. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Zootecnia) – Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/4368. Acesso em: 29 set. 2018.

ORDÓÑEZ, J. A. Tecnologia de Alimentos: vol. 2: Alimentos de Origem Animal. Porto Alegre: Artmed, 2005. 294 p.

PEREIRA, C. G. et al. Caracterização físico-química do leite cru comercializado no município de Lavras – MG. Revista do Instituto de Laticínios Cândido Tostes, v. 65, n. 372, p. 18-25, 2010. Disponível em: https://www.revistadoilct.com.br/rilct/article/view/111. Acesso em: 29 set. 2018.

RODRIGUES, R.; FONSECA, L. M.; SOUZA, M. R. Acidez do leite. Cadernos Técnicos da Escola de Veterinária da UFMG, n. 13, p. 63-72, 1995.

ROSA, M. S. et al. Boas Práticas de Manejo – Ordenha. Jaboticabal: Funep, 2009. Disponível em: https://www.bibliotecaagptea.org.br/zootecnia/bovinocultura/livros/BOAS%20PRATICAS%20DE%20MANEJO%20ORDENHA.pdf. Acesso em: 29 set. 2018.

SEQUETTO, P. L. et al. Avaliação da qualidade microbiológica de leite cru refrigerado obtido de propriedades rurais da Zona da Mata Mineira. Revista Brasileira de Agropecuária Sustentável (RBAS), v. 7, n. 1, p. 42-50, 2017. DOI: https://doi.org/10.21206/rbas.v7i1.388.

SILVA, D. L. D. et al. Perfil dos pequenos produtores de leite quanto ao uso adequado de práticas de higiene da ordenha e manipulação do produto no município de Belém do Brejo do Cruz - PB. ACSA - Agropecuária Científica no Semi-Árido, v. 4, n. 1, p. 55-61, 2008. Disponível em: http://revistas.ufcg.edu.br/acsa/index.php/ACSA/article/view/42. Acesso em: 4 abr. 2019.

SILVA, O. A. Avaliação da qualidade do leite cru produzido no município de Areia - PB. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Zootecnia) – Universidade Federal da Paraíba, Areia, PB, 2017. Disponível em: https://repositorio.ufpb.br/jspui/handle/123456789/1612. Acesso em: 4 abr. 2019.

SILVA, S. L.; SEIXAS, F. R. F. Análise microbiológica em amostras de leite cru comercializadas no município de Cacoal - RO, Amazônia Ocidental. Higiene Alimentar, v. 30, n. 262/263, p. 110-114, 2016. Disponível em: https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/biblio-831960. Acesso em: 4 abr. 2019.

SOUSA, M. R. P. et al. Caracterização de pequenas unidades produtoras de leite na região Centro e Noroeste do estado do Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 18, n. 2/3, p. 79-84, 2011. Disponível em: http://dx.doi.org/10.4322/rbcv.2014.124.

THALER NETO, A.; RODRIGUES, R. S.; CÓRDOVA, H. A. Desempenho produtivo de vacas mestiças Holandês x Jersey em comparação ao Holandês. Revista de Ciências Agroveterinárias, v.12, n.1, p. 7-12, 2013. Disponível em: https://revistas.udesc.br/index.php/agroveterinaria/article/view/5186. Acesso em: 29 set. 2018.

TRINDADE, L. C. A. et al. Qualidade de leite cru comercializado informalmente no município de Rio Pomba, MG. Higiene Alimentar, v. 32, n. 284/285, p. 72-76, 2018. Disponível em: http://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/11/964916/284-285-set-out-2018-72-76.pdf. Acesso em: 4 abr. 2019.

TRONCO, V. M. Manual para Inspeção da Qualidade do Leite. 3. ed. Santa Maria: UFSM, 2008. 210 p.

VALLIN, V. M. et al. Melhoria da qualidade do leite a partir da implantação de boas práticas de higiene na ordenha em 19 municípios da região central do Paraná. Semina: Ciências Agrárias, v. 30, n. 1, p. 181-188, 2009. Disponível em: http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/viewFile/2661/2313. Acesso em: 4 abr. 2019.

WERNCKE, D. et al. Qualidade do leite e perfil das propriedades leiteiras no sul de Santa Catarina: abordagem multivariada. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia, v. 68, n. 2, p. 506-516, 2016. DOI: https://doi.org/10.1590/1678-4162-8396.


DOI: http://dx.doi.org/10.18265/1517-0306a2020v1n52p117-128

O arquivo PDF selecionado deve ser carregado no navegador caso tenha instalado um plugin de leitura de arquivos PDF (por exemplo, uma versão atual do Adobe Acrobat Reader).

Como alternativa, pode-se baixar o arquivo PDF para o computador, de onde poderá abrí-lo com o leitor PDF de sua preferência. Para baixar o PDF, clique no link abaixo.

Caso deseje mais informações sobre como imprimir, salvar e trabalhar com PDFs, a Highwire Press oferece uma página de Perguntas Frequentes sobre PDFs bastante útil.

Visitas a este artigo: 1343

Total de downloads do artigo: 703