Agropecuária Intensiva na África

Autores

  • caio braga ferreira Msc. em Ecologia Aplicada

DOI:

https://doi.org/10.35512/ras.v6i1.6485

Resumo

Todo tipo de agricultura praticada em um determinado tempo e espaço tem inicialmente um objetivo ecológico e econômico complicado, tendo em sua composição diversas categorias de estabelecimentos que exploram diferentes tipos de solos e diversas espécies de plantas e de animais. Somado a isto, existem diversas  formas de agriculturas que são observadas ao redor do mundo variando conforme o lugar, de tal maneira que de uma região do mundo a outra, é possível classificá-las em gêneros muito diferentes, como: Rizicultura irrigada, Pastoreio, Cultivos associados, Arboricultura; entre outros (Mazoyer e Roudart, 2010).

Os produtores agropecuários podem ser divididos quanto ao modelo de produção em comerciais e de subsistência. De maneira geral, os agropecuaristas comerciais são aqueles que conseguem lucrar com a sua produção, já os de subsistência retiram somente o necessário para sobreviver (Almeida, 2015). Há ainda uma classificação que leva em conta se as atividades agropastoris são realizadas de forma nômade ou perene em uma dada localidade (Western et al., 2009).

Na África, há muitas décadas, o ramo agropecuário utilizado é considerado,  como um modelo em crise. A gravidade do problema da insegurança alimentar, que voltou à agenda internacional quando da crise dos preços dos alimentos em 2007/2008, chamou a atenção para os problemas da produção em África (Almeida, 2015). De acordo com dados da FAO (2016) a área agricultável na África cresceu  1.123.220,02ha no ano 2000 para 1.132.601,7ha em 2016, sendo que esses valores chegaram a ser bem maiores entre os anos de 2008/2009, período em que houve a crise econômica e que prejudicou a produção de alimentos a nível mundial. 

Contudo, apesar dos avanços notáveis com relação ao tema, existe ainda uma realidade que assombra o continente, que é a de que suas terras continuam muito baratas. Isto acarreta  na forte atração de investidores dos países desenvolvidos, juntamente com o seu capital, prejudicando a economia local, através das compras das propriedades familiares impedindo-as de exercer qualquer tipo de atividade. Além disso, o problema chave desta situação é que os pacotes tecnológicos da revolução verde estão sendo usados indiscriminadamente por essas grandes empresas do ramo, na produção de Holdings para exportação, que não ajudam em nada no combate à fome e à pobreza em África (Liberti, 2018).

A homogeneização da paisagem pelo cultivo destas culturas com elevado potencial de exportação tem levado a perda de biodiversidade nesta região do globo. A vida silvestre e a pecuária coexistiram por toda África por milênios, rastreando a disponibilidade sazonal de forragem em grandes paisagens. Mais recentemente, no entanto, os movimentos de livre circulação têm sido cada vez mais restringidos pelas mudanças no uso da terra, reduzindo a capacidade da pecuária e da vida silvestre para acessar os recursos de pastagem necessários, levando à homogeneização e degradação da pastagem (Russell, 2018).

Portanto, a agropecuária intensiva tem efeitos danosos ao ambiente em que é colocada como modelo agrícola. Como foi observado algumas das consequências são a perda de biodiversidade, homogeneização do ambiente somado a um forte impacto social negativo nas comunidades locais.

Biografia do Autor

caio braga ferreira, Msc. em Ecologia Aplicada

Técnico em edificações pelo IFCE ;

Técnologo em Agroecologia pelo IFPB campus Sousa;

Mestrando em Ecologia Aplicada pela universidade de Aveiro Portugal.

Referências

Almeida, André Filipe Ferreira de. O PEQUENO AGRICULTOR AFRICANO: PROBLEMAS QUE ENFRENTA E PERSPECTIVAS SOBRE O SEU FUTURO. ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa. Departamento De Ciência Política E Políticas Públicas Setembro, 2015.

FAOSTAT. AGRICULTURAL LAND - AREA BY COUNTRY. Disponível em: <http://www.fao.org/faostat/en/#data/RL/visualize> Acesso em: 07 de Outubro de 2018.

Liberti, Stefano .UM PROJETO DE GRILAGEM DISFARÇADO DE DESENVOLVIMENTO Camponeses moçambicanos derrotam o agronegócio. Le monde Diplomatique Brasil. Ed. 131. 4 de Junho de 2018. Disponível em: <https://diplomatique.org.br/camponeses-mocambicanos-derrotam-o-agronegocio/> Acesso em: 12 de Novembro de 2021.

Mazoyer, Marcel; Roudart, Laurence. HISTÓRIA DAS AGRICULTURAS NO MUNDO DO NEOLÍTICO À CRISE CONTEMPORÂNEA. [tradução de Cláudia F. Falluh Balduino Ferreira]. – São Paulo: Editora UNESP; Brasília, DF: NEAD, 2010. 568p.: il.

Russell, Samantha; Tyrrell, Peter; Western, David. SEASONAL INTERACTIONS OF PASTORALISTS AND WILDLIFE IN RELATION TO PASTURE IN NA AFRICAN SAVANNA ECOSYSTEM. Journal of Arid Environments 154 (2018) 70–81 https://doi.org/10.1016/j.jaridenv. 2018.03.007.

Western, David; Groom, Rosemary; Worden, Jeffrey. THE IMPACT OF SUBDIVISION AND SEDENTARIZATION OF PASTORAL LANDS ON WILDLIFE IN AN AFRICAN SAVANNA ECOSYSTEM. Biological Conservation 142 (2009) 2538–2546.

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Publicado

2022-05-27

Edição

Seção

RESUMO SIMPLES -IV CETIS - 2021 - Agroecologia

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