Idosos portadores de doença renal crônica: o papel da gestão em saúde na cidade de Santa Maria, Rio Grande do Sul

Bruno Vinicius Rodrigues

ORCID iD Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Brasil

Jairo da Luz Oliveira

ORCID iD Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) Brasil

Resumo

Este estudo buscou identificar como se procedeu o processo de falência renal em idosos e as respostas da gestão municipal de saúde no município de Santa Maria. A metodologia utilizada foi a qualitativa, a discussão foi baseada no método dialético-crítico mediante análise epistemológica da realidade proposta por Marx, já a análise e interpretação dos dados foram embasadas pela análise do discurso proposto por Gagneten. Sendo assim, foi possível verificar que a ausência de um sistema público, universal, de saúde, ante a criação do Sistema Único de Saúde, assim como a ausência de políticas públicas voltadas à prevenção e a promoção de saúde foram determinantes para o processo de adoecimento dos entrevistados. Além disso, foi evidenciado que os cuidados necessários para o tratamento das doenças de base foram negligenciados e insuficientes ao longo da trajetória de vida. Nesse sentido, conseguimos verificar a relevância das ações de Atenção Primária para estes pacientes, uma vez que portadores de Diabetes Mellitos e Hipertensão Arterial Sistêmica necessitam incondicionalmente do suporte proveniente das políticas públicas de promoção, prevenção e autocuidado para manutenção e controle de suas respectivas situações de saúde. Não obstante, também foi possível compreender que o processo de adoecimento proveniente das patologias de base supracitas deu-se de forma gradativa e sobretudo, silenciosa. Também identificamos a baixa cobertura de atenção primária no município de Santa Maria e a dificuldade de referenciamento à atenção especializada como fatores preponderantes no processo de falência renal. Assim, com a desassistência da atenção primária frente estes trabalhadores, doenças incapacitantes como a Doença Renal Crônica acabam emergindo silenciosamente durante o processo de envelhecimento, culminando na perda irreversível da função renal e a necessidade de tratamento por hemodiálise para manutenção da vida.

 

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DOI: http://dx.doi.org/10.18265/2526-2289v8n3p28-54

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