DIAGNÓSTICO PARTICIPATIVO DAS CONDIÇÕES DE MANEJO SANITÁRIO DE REBANHOS NO ASSENTAMENTO ANGÉLICA, NO MUNICÍPIO DE APARECIDA-PB.
DOI:
https://doi.org/10.35512/ras.v6i2.6493Abstract
O manejo sanitário de um rebanho compreende um conjunto de medidas que objetivam garantir a sanidade e o bem-estar animal, trazendo importante contribuição para evitar a ocorrência de doenças e de forma geral, melhorar os índices de produtividade, além de reduzir os custos de produção. As medidas profiláticas, em especial, mostram-se muito eficientes nesse sentido, porém, na maioria dos casos não são adotadas, seja pela falta de conhecimento das mesmas por parte dos agricultores e agricultoras, ou ainda, por não ser atribuída a sua devida importância diante do desconhecimento da ocorrência de determinadas doenças no rebanho, pois se manifestam geralmente através de sinais clínicos inespecíficos e aliado a isso há ainda a falta de um diagnóstico laboratorial confirmatório. Os resultados parciais apresentados a seguir dizem respeito a um trabalho gerado a partir de uma demanda dos agricultores do Assentamento Angélica em Aparecida-PB, onde três bovinos morreram em um pequeno intervalo de tempo e outros animais adoeceram, levantando a necessidade de uma investigação, e pelo perfil da comunidade, construiu-se um processo de diagnóstico participativo entre agricultores e profissionais, para a partir de então intervir de forma educativa e preventiva em relação ao manejo sanitário dos rebanhos. Aconteceu inicialmente, uma reunião com os agricultores cujos animais morreram e/ou estavam doentes, onde os mesmos apontaram como hipótese o consumo de palha de milho pelos animais, por entenderem que era o único elemento novo que poderia provocar algum distúrbio nestes; porém, associando com os sinais apresentados e o histórico, não foi possível fechar um diagnóstico clínico. Para a resolução do problema pontual, solicitou-se auxílio ao Instituto Federal da Paraíba Campus Sousa, que enviou alguns profissionais para coleta de amostras e processamento, chegando assim ao diagnóstico de tristeza parasitária bovina e raiva herbívora. As informações prestadas pelos agricultores em conjunto com o diagnóstico laboratorial subsidiaram uma nova discussão coletiva de quais medidas de intervenção seriam tomadas a partir dali, sendo decidido, para a tristeza parasitária bovina, tratar os animais que apresentaram sinais clínicos, e o tratamento profilático para os animais que compartilhavam a mesma área de pastejo daqueles que vieram a óbito. Em relação à raiva herbívora, foram sugeridas mudanças no protocolo de vacinação, pois não era feita a dose de reforço, tampouco os animais jovens eram vacinados logo que atingiam a idade, sendo feita a vacinação apenas uma vez por ano, em todos os animais. Essa experiência inicial demonstrou a importância tanto do conhecimento acadêmico como do conhecimento popular, enfatizando que o diagnóstico participativo é possível e necessário para práticas extensionistas mais efetivas, a partir do compartilhamento de experiências e conhecimentos. Nesse sentido, formulários estão sendo construídos para a análise e sugestão das condições possíveis de manejo sanitário na comunidade a partir do autoconhecimento e auto análise visando a extração dessas informações primárias junto à comunidade, garantindo aos agricultores e agricultoras não somente o compartilhamento das decisões, mas também a compreensão de que eles têm um papel fundamental no agrossistema e suas ações refletem diretamente no sucesso da sua produção.