LITERATURA AFRO-BRASILEIRA E FEMINICÍDIO: UMA PROPOSTA DIDÁTICA DE LEITURA DO CONTO “ALICE ESTÁ MORTA”, DE MIRIAN ALVES
Resumo
A literatura afro-brasileira de autoria feminina permite que as mulheres negras silenciadas possam falar por si mesmas, com uma escrita própria sobre questões vividas como violência, opressão e preconceitos. Essas autoras rompem os muros das discriminações sobre gênero e etnia e ocupam o lugar de direito da mulher negra tanto na literatura quanto na epistemologia. Contudo, sabe-se que, apesar de sua importância na formação de sujeitos socialmente críticos e atuantes, a literatura afro-brasileira pouco tem sido abordada nas instituições de ensino no Brasil, e o trabalho com a leitura de obras literárias de autoras afrodescendentes costuma ser posposto. Neste sentido, este trabalho tem como objetivo apresentar uma proposta didática que aborda a literatura afro-brasileira de autoria feminina, tendo em vista as contribuições para formação de leitores e leitoras na Educação de Jovens e Adultos (EJA), em torno da temática feminicídio no conto “Alice está morta”, de Mirian Alves. Em relação ao processo metodológico, utilizamos para elaboração da proposta didática o método do letramento literário e optamos pela pesquisa bibliográfica de abordagem qualitativa com enfoque interpretativo, tendo como fundamentação teórica autores referenciados, tais como: Ribeiro (2019), Carneiro (2003), Lajolo (1993), Alves (2011), Cosson (2006). Como resultados obtidos, a pesquisa nos autoriza a pontuar a importância da literatura afro-brasileira de autoria feminina nas escolas, com destaque para reflexões sobre a violência contra a mulher negra, sendo uma forma de combater as discriminações, desigualdades e preconceitos presentes na sociedade brasileira. Além disso, esse estudo nos conduz ao engamento em prol de ações que favoreçam a formação leitora no espaço escolar da EJA.
Palavras-chave: Literatura afro-brasileira. Miriam Alves. Feminicídio.
Texto completo:
Referências
ALVES, Miriam. Alice está morta. In: Mulher Matri(r)z: Belo Horizonte: Nandyala, 2011,
p. 37-40.
BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações ÉtnicoRaciais e para o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana. Brasília: MEC/
SEF, 2004. Disponível em: < http://www.uel.br>. Acesso em: 10 de agosto de 2021..
BRASIL. Lei 10.639 de 09 de junho de 2003. Brasília 2003. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/l10.639.htm. Acesso em: 12 de agosto de
BRASIL. Ministério da Educação. Trabalhando com a educação de jovens e adultos –
Alunos e alunas da EJA. Brasília, 2006.
BRASIL. Presidência da República. Lei nº 13.104, de 9 de março de 2015. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/Lei/L13104.htm>. Acesso em: 12
de agosto de 2021.
CANDIDO, Antônio. O direito à literatura. In: ______. Vários escritos. 3. ed. São Paulo:
Duas cidades, 1988. p. 169-191.
CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a
partir de uma perspectiva de gênero. Racismos contemporâneos. Rio de Janeiro: Takano
Editora, v. 49, 2003.
COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. São Paulo: Contexto, 2006.
EVARISTO, Conceição. Da representação à auto-apresentação da Mulher Negra na
Literatura Brasileira. PALMARES - Cultura afro-brasileira, Brasília, 2005 p. 52/56.
FREIRE, Paulo. Educação e Mudança. São Paulo: Paz e Terra, 1979.
FREDERICO, Graziele; MOLLO, Lúcia Tormin; DUTRA, Paula Queiroz. “Escrevo porque
não dá para não escrever”: entrevista com Miriam Alves. Estud. Lit. Bras. Contemp.,
Brasília, n. 51, p. 289-294, Aug. 2017.
LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos de Metodologia Científica. São Paulo,
SP: Atlas 2003.
LAJOLO, Maria. Do mundo da leitura para a leitura do mundo. São Paulo: Ática, 1993.
MATHIAS, Adélia Regina da Silva. Vozes femininas no “quilombo da literatura”: a
interface de gênero e raça nos Cadernos Negros. Dissertação (Mestrado em literatura).
Universidade de Brasília, Brasília, 2014. Disponível em:
http://repositorio.unb.br/bitstream/10482117188/1/2014_AdeliaReginadaSilvaMathias.pdf.
Acesso em: 03 Ago. 2021.
RIBEIRO, D. Pequeno manual antirracista. São Paulo: Companhia das Letras, 2019.
RIBEIRO, D. O que é: lugar de fala? Belo Horizonte, MG: Editora Letramento, 2017.
SILVA, Maria Natalha Morais da; COUTINHO, Douglas Wagner Brasil Maia; SARAIVA,
Sueli. Literatura moçambicana e experiência de docência em escolas de ensino médio em
Redenção. In: II Semana Universitária da Unilab: Práticas Locais, Saberes Globais.
Redenção: Unilab, 2010. p. 01 – 04.
Visitas a este artigo: 668
Total de downloads do artigo: 448