TUTORES POSITIVOS PARA CORONAVÍRUS E A CORRELAÇÃO DA SINTOMATOLOGIA CLÍNICA EM ANIMAIS DE COMPANHIA
Resumo
Desde o surgimento das primo-infecções pelo SARS-CoV-2 em espécies silvestres infectando seres humanos e a caracterização oficial do surto global da Covid-19 como pandemia em 2019, inúmeras ações científicas se fazem presentes para melhor caracterizar a difusão e demais consequências do surgimento do novo vírus. Algumas pesquisas passaram a avaliar a suscetibilidade de várias espécies animais à infecção pelo SARS-CoV-2, dentre elas estão elencados os animais de companhia, especialmente cães e gatos. Reconhecer alguns sintomas, mesmo que não sejam patognomônicos para a Covid-19, como febre, coriza, fadiga muscular, disfunção gustativa ou olfatória, falta de ar, entre outros, é importante para a investigação do possível Transbordamento Reverso (transmissão homem-animal), onde correlaciona-se os sintomas que se manifestam no homem, com a sintomatologia da infecção em animais, sugerindo-se a transmissão do SARS-CoV-2. Este trabalho teve por objetivo analisar e investigar as possíveis correlações de tutores que obtiveram diagnóstico positivo ou sintomatologia compatível com a infecção pelo SARS-CoV-2, com a possível sintomatologia clínica desenvolvida por seus animais de companhia. Além disso, propõe-se investigar os principais sinais clínicos que esses animais poderiam desenvolver, uma vez que estudos com esse intuito ainda são escassos. Como instrumento de aferição de dados, foi utilizada a ferramenta Google Forms® para elaboração de formulário virtual, amplamente disseminado nas redes sociais (Instagram, Facebook e WhatsApp), tendo como público alvo pessoas que testaram positivo para Covid-19 ou com sintomatologia compatível e que possuíam animais de companhia em suas residências. Foram respondidos 91 questionários eletrônicos, e partir destes, observou-se que cerca de 91,2% dos tutores apresentaram manifestações clínicas de leve à moderada durante o período de infecção viral; 42,9% dos tutores durante o período que estavam infectados, perceberam em seus animais sintomas semelhantes aos da Covid-19. Dentre os sintomas mais observados estão: espirro (12,6%); tosse (9,3%); vômito (7,3%); secreção naso-ocular (7,3%) e falta de ar (6,4%). Observou-se ainda, que poucos tutores procuraram atendimento veterinário (17,7%), bem como, não realizaram exames para diagnóstico da SARS-CoV-2 por não terem conhecimento que o vírus poderia ser transmitido aos animais (48,1%). Alguns tutores (13,9%), entretanto, relataram que os sintomas em seus animais surgiram somente após eles manifestarem sinais clínicos. De maneira adicional e corroborativa a estes dados, 51,3% dos respondentes afirmaram que os pets não possuíam acesso a rua ou a outros animais durante o período de isolamento, logo, apesar da falta do diagnóstico laboratorial, há um forte indício de que os animais que apresentaram sintomas semelhantes ao da Covid-19 se infectaram em seu domicílio, a partir do seu tutor. A falta de assistência veterinária e exames complementares para diagnóstico da SARS-CoV-2 nos animais de companhia, na grande maioria dos casos, dificulta a obtenção de materiais para melhor investigação da correlação sintomatologia clínica de animais com tutores positivos para doença, bem como a delimitação das possíveis consequências deste cenário. Assim, mais estudos e investigações devem ser realizados para melhor elucidar a problemática.
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