LITERATURA COMO RESISTÊNCIA: AMPLIANDO REDES SOLIDÁRIAS EM TEMPOS DIGITAIS
Resumo
É perceptível que sujeitos, cujas representações estiveram condicionadas à submissão e a demais circunstâncias que relegam e inferiorizam construções identitárias, têm sido social e historicamente marginalizados, como mulheres, negros, índios, comunidade LGBTQIA+ e afins. Não obstante existam dificuldades, é de se concordar que diversas lutas já foram travadas e, algumas delas, vencidas, a exemplo do direito ao voto e à educação, o que, por muito tempo, foi negado à mulher. Sensível às questões sociais, a literatura, aqui concebida a partir do entendimento de uma representação social e cultural, tem veiculado, por meio de seus textos, composições diversas cujos conteúdos se debruçam em temas problemáticos vivenciados por sujeitos ainda colocados nos processos de exclusão. Conceber a literatura como uma forma de resistência desses sujeitos é, portanto, pertinente, sobretudo se considerarmos que grupos inferiorizados poderão ter visibilidade e notoriedade nesses textos, quiçá não sendo, em futuro não tão distante, ignorados e tampouco relegados ao esquecimento, alterando-se o que sempre registra a história. Isso posto, este estudo objetiva criar, de forma colaborativa, uma antologia literária que tenha, como base principal, temas que representam os dramas e problemáticas vivenciados por sujeitos inseridos em contextos de marginalização. Esse produto, sob tal nuance, visa apresentar textos de escritores, como Carolina Maria de Jesus – cuja obra retrata condições vivenciadas por mulheres negras e pobres, expondo as dificuldades enfrentadas por elas no cotidiano; Rubem Fonseca – que mostra como a violência contra a mulher é drástica em suas mais variadas vertentes e concepções; Caio Fernando Abreu – o qual traz à baila discussões pertinentes de gênero e de identidade, pois coloca em foco sujeitos homossexuais, entre outros. Após a confecção dessa antologia, propõe-se a sua divulgação a partir do uso das tecnologias digitais, mais especificamente, a partir da rede social Instagram, no perfil intitulado Liga#euleio. Esse suporte digital foi escolhido por se tratar de criação desenvolvida pelo grupo de pesquisa LLEF - Leitura, Literatura, Ensino e Processos Formativos (IFPB/CNPq), do qual participam os integrantes deste estudo. Metodologicamente, esta investigação se dá a partir de uma abordagem qualitativa de caráter descritivo-exploratório. É válido pontuar que a proposta aqui empreendida ainda se encontra em fase de desenvolvimento, mas já aponta para resultados promissores, pois se acredita que utilizar a literatura como um meio para se trabalharem temas (in)visíveis pode colaborar significativamente para a construção de leitores críticos e reflexivos, conscientes de si próprio e do outro, fortalecendo a luta em prol do reconhecimento de uma sociedade culturalmente diversa e democrática.
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