AS INICIATIVAS DA GESTÃO PARTICIPATIVA EM MOÇAMBIQUE: LIÇÕES E LIMITES DO ENVOLVIMENTO DO PÚBLICO NAS DECISÕES MUNICIPAIS

Albino Alves Simione

Universidade Save, UniSave e Instituto Superior Politécnico de Gaza, ISPG Moçambique

Doutor em Administração, pela Universidade Federal de Minas Gerais, UFMG. Professor e pesquisador nas áreas de administração e gestão, membro do Grupo de Trabalho Espaços Deliberativos e Governança Pública (GEGOP-Brasil)

Resumo

Este artigo visou analisar as iniciativas participativas orientadas para o envolvimento do público na formação e implementação das políticas locais nos municípios em Moçambique. Baseou-se na abordagem da New Governance Paradigm, situando-a nas conceções que defendem a construção de um Estado e administração pública fortes, por meio do incentivo e promoção de mecanismos de participação pública na gestão. É um estudo de natureza qualitativa e do tipo descritivo apoiado em uma revisão de literatura e pesquisa de documentos normativos que ajudam a compreender os rumos das práticas implantadas no país. A experiência participativa avaliada evidencia uma tendência positiva de integração dos cidadãos na gestão municipal, mas também limitações de natureza institucional e problemas estruturais e organizacionais que condicionam a efetividade dos conselhos locais, utilizados como principal mecanismo de promoção do envolvimento do público no processo de tomada de decisões sobre as políticas públicas municipais.

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DOI: http://dx.doi.org/10.18265/2526-2289v5n3p67-94

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