ETNOBOTÂNICA NO SEMIÁRIDO: PLANTAS MEDICINAIS E ALIMENTÍCIAS EM COMUNIDADES QUILOMBOLAS
Resumo
Os conhecimentos práticos das comunidades locais, populares ou tradicionais sobre as plantas medicinais, estão intimamente relacionados aos recursos naturais disponíveis e a seu patrimônio ambiental, social e cultural. Dessa forma, essas comunidades se baseiam em um processo de reprodução sociobiocultural (além de econômica) dos conhecimentos adquiridos de seus antepassados. A percepção sobre o poder curativo e alimentar de algumas plantas é uma das formas de relação entre populações humanas e plantas, e as práticas relacionadas ao uso tradicional e consumo de plantas são o que muitas comunidades têm como alternativa para o acesso à alimentação, à manutenção da saúde ou ao tratamento de doenças. Estudar o papel da natureza sob os olhares das populações quilombolas dentro de um sistema de crenças por meio de uma visão interdisciplinar. Especificamente, objetiva-se identificar as plantas alimentícias e medicinais que fazem parte de uma cultura quilombola a partir de uma avaliação primeiramente bibliográfica. A pesquisa bibliográfica se deu por meio de consulta às bases de dados de artigo científicos Periódico CAPES e Scielo, a partir da busca pelos critérios de inclusão: plantas medicinais, plantas alimentícias, comunidades quilombolas, comunidas tradicionais, comunidade negra, etnobotânica e região Nordeste. A pesquisa de campo será realizada na comunidade quilombola Cavalhada no município de Flores/PE. As técnicas utilizadas para a coleta de dados e informações serão as de observação, diário de campo e questionário semiestruturado. Foram obtidos sete artigos científicos com dados sobre plantas alimentícias e medicinais consumidas por comunidades quilombolas no Nordeste brasileiro, especificamente nos estados do Maranhão (1), Piauí (1), Paraíba (1) e Bahia (4). Desses, apenas um foi sobre plantas alimentícias. Dentre as espécies de plantas medicinais mais comuns encontradas estão: capim-santo (Cymbopogon citratus), erva–cidreira (Melissa officinalis), hortelã grosso (Mentha crispata), arruda (Ruta graveolens) e erva doce (Pimpinella anisum). No entanto, também foram identificadas espécies nativas da Caatinga e Mata Atlântica nordestina, como: Janaúba (Himatanthus sucuuba), Carrasco (Aspidosperma subincanum), Açoita-cavalo (Luehea divaricata), Mapá (Parahancornia amapa), Guanandi (Symphonia globulifera), Embaúba (Cecropia sp.), Mamão-jaracatiá (Jacaratia spinosa). Janaguba (Himatanthus obovatus), Imburana (Commiphora leptophloeos) e Coronha (Dioclea violacea). O maior número de espécies medicinais foi indicado para doenças e estados de saúde associados ao aparelho respiratório, como tosse, gripe e resfriado, e ao sistema digestivo como gastrite e ulcerações no estômago. Para as plantas alimentícias, foram: Araçá-de-moça (Eugenia sp.), Araticum (Annona sp.), Cajueiro branco (Anacardium occidentale), Cambuí (Myrcia rostrata), Mandacaru (Cereus jamacaru), Mangaba (Hancornia speciosa), Murici verdadeiro (Byrsonima crassifolia), e Murici-peba (Byrsonima triopterifolia) para uma área em Jeremoabo, Bahia. Os conhecimentos práticos das comunidades locais, populares ou tradicionais sobre as plantas medicinais e alimentícias, estão intimamente relacionados aos recursos naturais disponíveis e a seu patrimônio ambiental, social e cultural. Mais estudos devem ser realizados sobre o conhecimento de populações tradicionais sobre plantas medicinais e alimentícias no semiárido brasileiro, uma vez que é notável a escassez de estudos.
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