TEORIA DO EFEITO ESTÉTICO E TEORIA HISTÓRICO-CULTURAL: PERSPECTIVA DE LEITURA LITERÁRIA COM O CONTO UMA TARDE PLENA, DE CLARICE LISPECTOR
DOI:
https://doi.org/10.35512/ras.v5i1.5068Resumo
Este trabalho tem como motivação os estudos e pesquisas desenvolvidos no GEAL – Grupo de Estudos em Antropologia Literária (UFPB/PPGL/CNPq). O Grupo é formado por estudantes da graduação e pós-graduação em Letras da Universidade Federal da Paraíba. Nesse contexto, o objetivo deste resumo é apresentar uma estratégia de leitura literária com o conto Uma Tarde Plena, da escritora Clarice Lispector. Para isso, utilizamos como referencial teórico a Teoria do Efeito Estético, do teórico alemão Wolfgang Iser (1996) em associação à tese de Santos (2009). A Teoria do Efeito Estético preocupa-se com a interação entre texto e leitor e tenta compreender os processos mentais que ocorrem ao leitor no momento de sua leitura. O sentido atribuído pelo leitor ao texto literário é, de acordo com essa Teoria, o objeto estético de sua experiência, que também pode ser chamada de obra. Assim, para considerar a existência do leitor real nesse processo interativo, consideramos a tese de doutorado de Santos (2009), que a partir de uma teoria psicológica, a Teoria Histórico-Cultural, de Lev Semenovich Vygotsky, propõe o processo de ensino e de aprendizagem através da literatura, mediada pela associação dessas duas teorias. Diante disso, propomos a leitura literária sob as óticas acima apresentadas iniciando pelo mapeamento da experiência estética dos leitores, ou seja, indicar os principais conceitos da teoria iseriana percebidos na interação com o texto literário, que para a nossa proposta, é o conto supracitado. Esse texto apresenta uma situação do cotidiano, com resquícios de humor e surpresa, além de dispor elementos que são do conhecimento comum. Portanto, o que diferencia e atualiza o texto é o leitor, com seu repertório, sentido e significação atribuídos após a leitura e experienciação. Desse modo, o leitor não precisa se preocupar com o que a autora quis dizer com esta história, mas ele mesmo, sendo gerenciador de sua experiência estética, é capaz de promover a sua emancipação leitora, intelectual e cognitiva, pois de acordo com Teoria Histórico-Cultural, quando isso acontece, sua Zona de Desenvolvimento Proximal é alargada, e seu Nível de Desenvolvimento Potencial se torna um novo Nível de Desenvolvimento Real.