Ectoparasitos branquiais em tilápias-do-Nilo cultivadas em sistema de tanques-rede na Bahia, Brasil

Resumo

Compreender a distribuição regional e o impacto de ectoparasitos em tilápias é crucial para o avanço das tecnologias de aquicultura no Brasil. Dado o conhecimento limitado sobre esses organismos na Bahia, este estudo teve como objetivo identificar a fauna de ectoparasitos branquiais e analisar sua relação com tilápias cultivadas em sistemas de tanques-rede instalados em um reservatório na bacia do Rio Paraguaçu, Bahia. Um total de 41 espécimes de tilápia foram coletados, e seus ectoparasitos foram removidos das brânquias, contados, fixados e preparados para identificação. Testes estatísticos não paramétricos foram utilizados devido à distribuição não normal das populações amostradas. Seis espécies de ectoparasitos foram identificadas: Gauchergasilus euripedesi, um copépode, e os monogenéticos Cichlidogyrus halli, Cichlidogyrus sclerosus, Cichlidogyrus thurstonae, Cichlidogyrus mbirizei e Scutogyrus longicornis. Gauchergasilus euripedesi representa um novo registro de hospedeiro e localidade, indicando um risco potencial de infecção para tilápia nesses sistemas de cultivo, embora pareça ser uma ocorrência acidental. Os monogenéticos apresentaram alta prevalência (> 50%) e uma distribuição agregada entre os hospedeiros. C. mbirizei exibiu a menor abundância entre as espécies altamente prevalentes, sugerindo um menor potencial de danos às fazendas locais. O fator de condição relativo (Kn) dos peixes diferiu significativamente do valor médio esperado de 1, com indivíduos parasitados apresentando valores de Kn mais baixos em comparação aos não parasitados. O Kn foi negativamente correlacionado com a abundância total de ectoparasitos, apoiando a hipótese de possível depleção de energia causada por infecção parasitária. A evidência dos efeitos negativos de altas cargas parasitárias na saúde dos peixes foi ainda apoiada por correlações negativas entre Kn, abundância total de ectoparasitos e três espécies monogenéticas. Por outro lado, correlações positivas foram observadas entre a abundância de parasitos e o comprimento total dos peixes. Esses achados ressaltam a importância da adoção de medidas profiláticas, como quarentena e avaliação parasitológica prévia, antes de iniciar novos ciclos de produção, para evitar o estabelecimento e a disseminação de ectoparasitos nocivos à piscicultura.